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A forma de hipocrisia


Fotos: Felipe O'Neill

A peça Batistério que tem a assinatura de João Cícero como diretor e autor, a partir do tema do cristianismo evangélico - uma vertente da religião cristã que tem a Bíblia como um instrumento sagrado e que deve ser rigidamente seguido -, trata de complexas questões sociais como aborto, adultério e estupro, relacionadas na vivência de uma família cristã.


A ambientação das cenas juntamente com os figurinos mais obsoletos, nos fazem acreditar num primeiro momento que a peça se passa no século passado, porém a linguagem mais cotidiana e a dramaturgia, que insere elementos da atualidade nas falas como celular e internet, revelam que estamos diante da sociedade em que vivemos. Em um sítio no interior de algum estado, vivem um pastor, sua esposa e uma empregada, além desses, no meio da história chega Davi, filho do casal que foi criado com a tia, irmã de sua mãe. A história se desenvolve a partir dos valores morais e religiosos que existem dentro dessa casa. Davi já era apresentado desde as primeiras falas como um ''filho pródigo''. Jacó, o pastor, é sem dúvida um representante dos ensinamentos de Deus, possui a imagem do homem que faz o bem, mas além disso coloca sua fé e egoísmo acima do respeito para com as mulheres da casa: Ruth, sua esposa e Hilda, a empregada.


A peça tem uma estrutura de teatro realista e aborda assuntos que mexem com tabus dentro da nossa sociedade. A violência psicológica explícita nas falas do homem manipulador, que carrega a presença de um espírito divino para justificar suas atitudes como boas, deixa o público fragilizado tanto por não poder intervir quanto por deixa-los tão próximos das cenas. A relação espacial que a Sede das Cias nos proporciona é de um lugar mais intimista, nos sentimos em alguns momentos dentro daquela casa cheia de conflitos e assim como a personagem Ruth, imparciais presenciando e sabendo de tudo, porém não podendo fazer nada para impedir tais maldades.


Há na montagem um cuidado com os personagens e com a dramaturgia, pois tratar questões como a violência contra mulher junto com assuntos de cunho religioso - inclusive usar no texto versículos da Bíblia - pode ferir muitos conceitos do público e cair até em personagens caricatos. Acontece justamente o contrário disso, o público termina de assistir o espetáculo com uma reflexão acerca do que foi abordado e em contato com uma família com valores cristãos, que possuem a imagem do ''bem e da bondade'' mas que são, em sua potência, seres humanos que erram, tem atitudes abusivas e cometem crimes.

 MANIFESTo CULTURAL        ''SEMENTES'' 

 

Nós nos reunimos para pensar o pensamento crítico da atualidade. Um pensamento crítico que pretende aproximar os fazeres artísticos em pauta da pesquisa universitária.

Investigamos o diálogo em ebulição entre as formas mais tradicionais - em desuso ou não - as questões contemporâneas e as nossas individualidades enquanto alunos de Artes Cênicas da PUC-Rio.

 

A semente que plantamos se distancia do juízo de valor e busca conectar as experiências estéticas em exposição com os nossos próprios experimentos.  

  Dicas da semana: 

 

02/06/17: Obsessões (Laborátorio de Artes Cênicas PUC-Rio) 

03/06/17: Anánkê (Laboratório de Artes Cênicas PUC-Rio) 

04/06/17: Boca de miséria (Vila os diretórios PUC-Rio)

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