Marginal 6
Foto: Ana Paula Rolón
Crítica de Marginal 6, direção coletiva
Mostra Bosque PUC cena experimental
Um misto de loucura e provocação voltada para a realidade política. A cena nos obriga a olhar para o que no dia a dia se torna invisível aos olhos de grande parte da sociedade. O desespero das pessoas que estão à margem e diariamente têm suas dores e dificuldades ignoradas por muitos. A forma lúdica com que os atores apresentam o tema nos provoca uma inquietação diante das hierarquias e da meritocracia, nos faz pensar quem está realmente no lugar do opressor e quem está no lugar de vítima. Os momentos de alucinação, como os atores nomeiam certas cenas em que fazem movimentos corporais no fluxo de uma trilha sonora de hard rock, nos levaram para um lugar de desconforto. Isso provocou o efeito de nos fazer sentir a adrenalina da vida de quem mata um leão por dia.
A peça possui referências bastante instigantes, tanto no figurino expressionista de cores vibrantes e também nas ações cênicas em relação com o espaço inspiradas e adaptadas do Quad de Samuel Beckett. O espaço é muito bem explorado, não caberia em um palco italiano pois perderia grande parte da beleza topográfica da cena que é melhor vista de um ângulo horizontal à plateia como foi no Laboratório de Artes Cênicas (LAC) da Puc-rio.
Fica claro a autonomia e intensidade dos atores em cena, mas também uma certa necessidade de pontos de vista externos por conta da direção jovem e coletiva.